A doutrina de Santo Agostinho de Hipona (354-430 d.C.) não se distancia da experiência da sua vida; por isso, narra com traços muito fortes e vivos o drama do mal, a propósito das lembranças da sua adolescência: "Eu quis furtar e furtei; não levado pela necessidade ou pela penúria, mas por escassez de justiça e abundância de iniquidade. Roubei coisas que eu tinha, e ainda melhores; não queria desfrutar do que roubava, mas desfrutar com o próprio furto e pecado... Uma vez obtidas as pêras, joguei-as fora: o único banquete foi a iniqüidade. Se algo daquilo entrou em minha boca, seu condimento era a maldade".* Esse mal acaba acorrentando: "O inimigo apoderara-se do meu querer; convertera-o em cadeias que me prendiam. Da vontade perversa, surge a concupiscência; servindo à concupiscência, surge o hábito; e não resistindo ao hábito, nasce a necessidade. Esses elos soldados entre si - por isso os chamo cadeia - tinham me constrangido a uma dura servidão". (Saranyana, p.86)
SARANYANA, Josep-Ignasi. A Filosofia Medieval: Das origens patrísticas à escolástica barroca. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência "Raimundo Lúlio" (Ramon Llull), 2006.
Dicionário HOUAISS - Sinônimos e antônimos.
- Concupiscência. s.f. 1 cobiça: ambição, ganância. 2 lascívia: carnalidade, carne, erotismo, luxúria.
- Iniqüidade. s.f. 1 injustiça. 2 perversidade: crueldade, maldade, malevolência.
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