8 de mai. de 2010

Savonarola em Camus e André Comte-Sponville

Se eu quisesse, não encontrava!!!

Savonarola em: Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, de André Comte-Sponville (Página 44 - M.Fontes, SP, 2007) e em Albert Camus - A Queda (Página 101 - Editora Record, RJ, 2008, 15.ed.)

(...) Quantos crimes, em nome da virtude? Era pecar contra a tolerância, quase sempre, mas também contra a prudência, na maioria das vezes. Desconfiemos desses Savonarola que o Bem cega. (Sponville)

(...) Mas precisamente, já não há pai, já não há regra! Somos livres, é preciso, então, se virar, e como, sobretudo, eles não querem liberdade, nem suas sentenças, pedem para ser repreendidos, inventam regras terríveis, correm para fazer fogueiras em substituição às igrejas. É como eu lhe digo, são uns Savonarolas. (Camus)

Obs: Girolamo Savonarola (1452-1498), pregador italiano, e Cola de Rienzo (1313-1354) exerceram um poder despótico e tirânico sobre o povo que inicialmente os apoiara.

Cleiton.


Aufklärung - partes 7 a 10 (Final)

Partes: 1 e 2 - 24/05/09
Partes: 3 e 4 - 25/05/09
Partes: 5 e 6 - 16/08/09
Partes: 7 a 10 - 08/05/10

7 - Se for feita então a pergunta: “vivemos agora em uma época esclarecida [aufgeklärten]?”, a resposta será: NÃO, vivemos em uma época de esclarecimento. Falta ainda muito para que os homens, nas condições atuais, tomados em conjunto, estejam já numa situação, ou possam ser colocados nela, na qual em matéria religiosa sejam capazes de fazer uso seguro e bom de seu próprio entendimento sem serem dirigidos por outrem. Somente temos claros indícios de que agora lhes foi aberto o campo no qual podem lançar-se livremente a trabalhar e tornarem progressivamente menores os obstáculos ao esclarecimento geral ou a saída deles, homens, de sua menoridade, da qual são culpados. Considerada sob este aspecto, esta época é a época do esclarecimento [Aufklärung] ou o século de Frederico (Rei da Prússia).

8 - Um príncipe que não acha indigno de si dizer que considera um dever (a favor do esclarecimento) não prescrever nada aos homens em matéria religiosa, mas deixar-lhes em tal assunto plena liberdade que, portanto, afasta de si o arrogante nome de tolerância, é realmente esclarecido e merece ser louvado pelo mundo agradecido e pela posteridade como aquele que pela primeira vez libertou o gênero humano da menoridade, pelo menos por parte do governo, e deu a cada homem a liberdade de utilizar sua própria razão em todas as questões da consciência moral. Sob seu governo, os sacerdotes dignos de respeito podem, sem prejuízo de seu dever funcional, expor livre e publicamente, na qualidade de súditos, ao mundo, para que os examinasse, seus juízos e opiniões num ou noutro ponto discordantes do credo admitido. Com mais forte razão isso de dá com os outros, que não são limitados por nenhum dever oficial. Este espírito de liberdade espalha-se também no exterior, mesmo nos lugares em que tem de lutar contra obstáculos externos estabelecidos por um governo que não se compreende a si mesmo. Serve de exemplo para isto o fato de num regime de liberdade a tranqüilidade pública e a unidade da comunidade não constituírem em nada motivo de inquietação. Os homens se desprendem por si mesmos progressivamente do estado de selvageria, quando intencionalmente não se requinta em conservá-los nesse estado.

9 - Acentuei preferentemente em matéria religiosa o ponto principal do esclarecimento, a saída do homem de sua menoridade, da qual tem a culpa. Porque no que se refere às artes e ciências nossos senhores não têm nenhum interesse em exercer a tutela sobre seus súditos, além de quem também, aquela menoridade é de todas a mais prejudicial e a amais desonrosa. Mas o modo de pensar de um chefe de Estado que favorece a primeira vai ainda além e compreende que, mesmo no que se refere à sua legislação, não há perigo em permitir a seus súditos fazer uso público de sua própria razão e expor publicamente ao mundo suas idéias sobre uma melhor compreensão dela, mesmo por meio de uma corajosa crítica do estado de coisas existente. Um brilhante exemplo disso é que nenhum monarca superou aquele que reverenciamos.

10 - Mas também somente aquele que, embora seja ele próprio esclarecido, não tem medo de sombras, e ao mesmo tempo tem à mão um numeroso e bem disciplinado exército para garantir a tranqüilidade pública, pode dizer aquilo que não é lícito a um Estado livre ousar: raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre qualquer coisa que quiserdes; apenas obedecei! Revela-se aqui uma estranha e não esperada marcha das coisas humanas; como, aliás, quando se considera esta marcha em conjunto, quase tudo nela é um paradoxo. Um grau maior de liberdade civil parece vantajoso para a liberdade de espírito do povo e, no entanto, estabelece para ela limites intransponíveis; um grau menor daquela dá a esse espaço o ensejo de expandir-se tanto quanto possa. Se, portanto, a natureza por baixo desse duro envoltório desenvolveu o germe de que cuida delicadamente, a saber, a tendência e a vocação ao pensamento livre, este atua em retorno progressivamente sobre o modo de sentir do povo (com o que este se torna capaz cada vez mais de agir de acordo com a liberdade), e finalmente até mesmo sobre os princípios do governo, que acha conveniente para si próprio tratar o homem, que agora é mais do que simples máquina, de acordo com a sua dignidade. ■

REFERÊNCIAS:

As informações acima foram retiradas da apostila TOPICOS EM FILOSOFIA POLITICA: A Aufklärung é o contrário da tolerância – Foucault leitor de Kant, da professora Theresa Calvet de Magalhães. Referente ao Curso de Especialização em Temas Filosóficos oferecido pela UFMG durante o primeiro semestre de 2009.

Leia (+) em:

•Ciência & Vida – Filosofia Especial. Ano I - nº. 5. Editora Escala.

•Crítica da razão pura. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

•Immanuel Kant: textos seletos. Tradução. Emanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 2005.

•Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Ed. 70, 1995.

7 de mai. de 2010

A.A.

RESPONSABILIDADE MORAL

“Algumas pessoas se opõem firmemente à posição de A.A. de que o alcoolismo é uma doença. Sentem que esse conceito tira dos alcoólicos a responsabilidade moral. Como qualquer A.A. sabe, isso está longe de ser verdade. Não utilizamos o conceito de doença para eximir nossos membros da responsabilidade. Pelo contrário, usamos o fato de que se trata de uma doença fatal para impor a mais severa obrigação moral ao sofredor, a obrigação de usar os Doze passos de A.A. para se recuperar”.

“Nos primórdios de suas bebedeiras, o alcoólico freqüentemente é culpado de irresponsabilidade. Mas no momento em que tem a compulsão para beber, ele não pode ser responsável por sua conduta. Ele então tem uma obsessão que o condena a beber e uma sensibilidade física ao álcool que garante sua loucura final e morte”.

“Mas quando ele toma consciência dessa condição, fica sob pressão para aceitar o programa de recuperação moral de A.A.”.

Bibliografia: Na Opinião do Bill. O Modo de Vida de A.A. (Trechos selecionados do co-fundador de A.A.)
Página 32.

ACEITAÇÃO DIÁRIA

“Grande parte de minha vida foi passada, repisando as faltas dos outros. Essa é uma das muitas formas sutis e maldosas da auto-satisfação, que nos permite ficar confortavelmente despreocupados a respeito de nossos próprios defeitos. Inúmeras vezes dissemos: Se não fosse por causa dele (ou dela), como eu seria feliz!”.

Nosso primeiro problema é aceitar nossas circunstâncias atuais como são, a nós mesmos como somos, e as pessoas que nos cercam como também são. Isso é adotar uma humildade realista sem a qual nenhum verdadeiro progresso pode sequer começar. Repetidamente precisaremos voltar a esse pouco lisonjeiro ponto de partida. Esse é um exercício de aceitação que podemos praticar com proveito todos os dias de nossas vidas.

Desde que evitemos arduamente transformar esses reconhecimentos realistas dos fatos da vida em álibis irreais para a prática da apatia ou do derrotismo, eles podem ser a base segura sobre a qual pode ser construída a crescente saúde emocional e, portanto, o progresso espiritual.

Bibliografia: Na Opinião do Bill. O Modo de Vida de A.A. (Trechos selecionados do co-fundador de A.A.)
Página 44.

Textos apresentados e comentados por mim no dia 02/05/10, na Reunião de Informação ao Público, sobre o Alcoolismo e suas implicações sociais.

Kant afirmou:

"Não é possível ensinar filosofia para ninguém".
"É possível, APENAS, ensinar algumas pessoas especiais a filosofar".