14 de abr. de 2012

Aos colegas de profissão (Psicólogos) e "amantes" da reflexão Filosófica.

GÊNIO E NEUROSE

O gênio passa, solitário e dolorido, mas cônscio (ciente, sabedor, responsável) do próprio destino, incompreendido e gigantesco, repugnando os ídolos da multidão, atordoado pelo estrépito (barulho, gritaria) da vida, desatento e inepto (confuso), porque sua alma é toda ouvidos para um canto sem fim que lhe ...sai de dentro e voa ao encontro do infinito.

Estranho sonhador, preso no sagrado tormento da criação, absorvido nos ócios fecundos em que amadurece o invisível trabalho íntimo, sofre com uma paixão em que não é o homem, mas o universo que responde. A imensidade do infinito está próxima e ele não vê a Terra, que atrai todos os olhares e todas as paixões. Vive de lutas titânicas. Pede à vida a realização do ideal, sem possibilidade de concórdia com a mediocridade, aspirado como um turbilhão pela ânsia da evolução.

Conhece o medo de quem se debruça sobre o abismo dos grandes mistérios, a vertigem das grandes altitudes, a amargurada solidão da alma diante da inconsciência humana; conhece a luta atroz contra a animalidade que retorna, as imensas fadigas e os perigos que aguardam os que querem alçar-se ao vôo. Os cegos dizem: é louco! Sente-se esmagado pelo inútil peso do numero; compreende a baixeza de quem não o compreende. Mesmo a ciência, filha da mentalidade utilitária da mediocridade incompetente, mas ávida de julgar, sentencia: neurose!

Mas o gênio não pode descer; sente seu Eu gritar e não pode calar. Ele não é um corpo apenas, como os outros, é, acima de tudo, uma alma. O espírito que dormita (cochila) em tantos e deve nascer, aparece nele como um gigante, evidente, troveja e se impõe; quem poderá compreender suas lutas titânicas? A humanidade caminha lenta, debaixo do esforço da própria evolução; ele está à frente e carrega toda a responsabilidade, arrasta o peso de todos. A massa diz: anormal; a ciência fala: neurose. (Páginas 385,386)

UBALDI, Pietro. A Grande Síntese. 21.ed. Campos dos Goytacazes, RJ: Fraternidade Francisco de Assis, 2001.

Ps. E você, o que acha?