5 de ago. de 2010

Saber ouvir

A humanidade começa quando aprendemos a ouvir

Richard Carlson

( Entenda como gastamos uma quantidade enorme de energia tentando estar sempre a frente do outro )

Pense nisso por alguns minutos!

Quando você apressa alguém, interrompe ou termina a frase por ele ou ela, tem que prestar muitíssima atenção para não perder o fio de seus próprios pensamentos, assim como da pessoa que você está interrompendo. Essa tendência incentiva as pessoas envolvidas numa conversação a acelerarem suas falas e pensamentos. Isso, por sua vez, as tornam nervosas, irritáveis e aborrecidas. É completamente exaustivo.
É também motivo para uma série de discussões, porque se existe uma coisa que ninguém gosta, é ter um interlocutor qua não está prestando atenção ao que está dizendo.
E como você pode estar realmente prestando atenção ao que alguém está dizendo, se está empenhado em falar por esta pessoa?

Ouvir efetivamente é mais do que simplesmente evitar o péssimo hábito de interromper os outros enquanto falam, ou, terminar a frase por eles. Ouvir é sentir-se bem ao ouvir plenamente o pensamento do outro, em vez de aguardar, impaciente, sua oportunidade de responder.
A maneira como falhamos como ouvinte, revela muito sobre como vivemos e como somos. É como se nosso objetivo fosse não permitir qualquer intervalo entre a conclusão da frase da pessoa com quem estamos falando e o início de nossa frase. Nesse intervalo poderíamos pensar. Isso é perigoso.
Diminuir o ritmo de respostas e tornar-se um ouvinte mais aplicado o ajudará a se tornar uma pessoa menos estressada. Se você pensar a respeito, verificará que dispensamos uma quantidade enorme de energia e estresse quando ficamos "na ponta da cadeira" tentando adivinhar o que a pessoa à nossa frente dirá para que sejamos ágeis na resposta.

Mas, quando você espera que a pessoa com quem está se comunicando acabe ou, simplesmente, ouve mais atentamente o que está sendo dito, perceberá que a pressão sobre você se alivia. Você imediatamente se sente mais relaxado, e, a pessoa com quem está falando também. Tornar-se um ouvinte melhor não só faz de você uma pessoa mais paciente, como, também, melhora a qualidade de suas relações. Saber ouvir é compreender o princípio das realidades diferentes. Não é simplesmente o esforço de tolerar diferenças, mas, o entendimento real e a constatação do fato de que é impossível que o outro pense e diga o que você pensa ou, quer dizer.

Só quando realmente compreendemos que a realidade é composta pelos diferentes, quando nos asseguramos de que os outros farão coisas de formas diversas e reagirão diversamente aos mesmos estímulos que nós recebemos, é que começamos a compreender a imensa riqueza da vida e de estarmos vivos.
Quando julgamos ou criticamos (no sentido de senso comum) outra pessoa, não são os seus defeitos que estamos denunciando mas, o nosso: a nossa necessidade de sermos críticos. A crítica (no sentido de reprovação e de falar mal) não só não resolve nada, como contribui para a irritação e a desconfiança em relação a todos e a tudo. A crítica neste sentido nada mais é que um péssimo hábito.
É algo que nos acostumamos a fazer; somos íntimos da sensação. É algo que nos mantém acupados e nos fornece assunto para conversas. Experimente procurar a verdade na opinião do outro ao invés de criticá-lo. Toda opinião tem seu mérito, especialmente se estivermos procurando por méritos e não por erros.

Da próxima vez que alguém lhe der uma opinião, em vez de julgá-lo(a) ou criticá-lo(a), tente encontrar o que nela existe de verdade. Experimente respirar antes de falar. A princípio, o espaço de tempo entre duas vozes vai parecer uma eternidade. Mas, representa, apenas, uma diminuta fração de segundo do tempo real. Você se acostumará com o poder e a beleza da respiração e, irá apreciá-la igualmente. Ela fará com que você se aproxime mais e ganhe maior respeito de praticamente todo mundo com quem você tiver contato. Descobrirá que ser ouvido é um dos maiores e mais preciosos tesouros que você pode oferecer a alguém. E tudo que é necessário é intenção e prática.
Experimente deixar de lado a "necessidade" doentia de estar sempre certo.
A necessidade de estar certo (ou, a necessidade de alguém estar errado) encoraja os outros a se defenderem, e nos pressiona a manter nossa defesa.
Todos queremos que nossas posições sejam respeitadas e entendidas pelos outros.
Ser ouvido e entendido é um dos maiores desejos do ser humano.

Pense nisso para o resto de sua vida!

4 de ago. de 2010

Cecília Meireles

Tal qual me vês, há séculos em mim:
números, nomes, o lugar dos mundos e o poder do sem fim.
Inútil perguntar por palavras que disse:
histórias vãs de circunstância, coisas de desespero ou meiguice.
(Mísera concessão, no trajeto que faço:
postal de viagem, endereço efêmero, álibi para a sombra do meu passo…)
Começo mais além: onde tudo isso acaba, e é solidão.
Onde se abraçam terra e céu, caladamente, e nada mais precisa explicação.

Cecília Meireles