15 de mai. de 2010

SUPER EMPTY

(...) de repente, no meio daquela buraqueira, ele compreendeu que os vazios não eram necessariamente uma falta, uma coisa a menos, e sim uma possibilidade de ver através do que estava ali. De ver mais longe. De ver além.

PESSANHA, Luciana; LOLLO, José Carlos. O transponível Super Empty. São Paulo, Editora Planeta do Brasil, 2004.

Simplesmente uma fantástica obra. Parabéns a Luciana e José Carlos. Este livro deveria ser lido, PRINCIPALMENTE, pelo público adulto. É uma indicação. Além de "O transponível Super Empty" eu recomendo, também, a leitura de "Quando eu voltar a ser criança", de Janusz Korczak. Tem que ser bastante corajoso e não ter preguiça, para seguir adiante...

Um abraço, Cleiton.


14 de mai. de 2010

A noção Nietzschiana de valor

(...)

A noção nietzschiana de valor opera uma subversão crítica: ela põe de imediato a questão do valor dos valores e esta, ao ser colocada, levanta a pergunta pela criação dos valores. Se até agora não se pôs em causa o valor dos valores "bem" e "mal", é porque se supôs que existiram desde sempre; instituídos num além, encontravam legitimidade num mundo supra-sensível.
No entanto, uma vez questionados, revelam-se apenas "humanos, demasiado humanos"; em algum momento e em algum lugar, simplesmente foram criados. Assim o valor dos valores está em relação com a perspectiva a partir da qual ganharam existência. Não basta, contudo, relacioná-los com os pontos de vista que os engendraram; é preciso ainda investigar de que valor estes partiram para criá-los.
É esta a tarefa que Nietzsche se propõe.

MARTON, Scarlett. Nietzsche, A transvaloração dos valores. São Paulo, Editora Moderna. Coleção Logos, 1993, p.50.

12 de mai. de 2010

Alegoria da Caverna - Platão

PLATÃO
Do livro "A república" – nº7

Várias pessoas moravam numa caverna desde de que nasceram. Elas ficavam presas nas pernas e no pescoço viradas para a parede do fundo dessa caverna. Assim, não conseguiam mudar de posição, nem virar a cabeça para trás. Elas só podiam ver o que se passava a sua frente (a parede do fundo da caverna). A pouca luz que entrava vinha de uma fogueira acessa do lado de fora da caverna, porque nem a luz do sol conseguia entrar lá de tão funda que era aquela caverna.

Entre a fogueira e os habitantes da caverna, existia um caminho, como um pequeno muro. Por cima desse muro, as pessoas que viviam fora da caverna passavam carregando coisas e objetos de todos os tipos.

Mas como esse caminho ficava atrás dos moradores, eles não podiam vê-lo. Só viam as sombras das coisas que as pessoas que estavam do lado de fora carregavam.
Os habitantes da caverna, então, acreditavam que tudo que existia era as sombras que estavam vendo dos objetos e as pessoas reais e que o som que escutavam viam daquelas imagens refletidas.

Um dos habitantes foi libertado e forçado a sair da caverna. Quando chegou do lado de fora sua visão foi ofuscada por toda luz do sol.
Foi preciso um tempo para que ele se habituasse com tanta luz e pudesse enxergar as pessoas e as coisas reais.

Levou muito tempo para que ele pudesse entender que o que via dentro da caverna não eram as realidades concretas, mas apenas, suas sombras.
Depois esse homem foi mandado de volta para a caverna e obrigado a sentar em seu antigo lugar. Ele, então, ficou temporariamente cego e perturbado com a ausência da luz do dia e a escuridão do fundo da caverna. Seus companheiros riram dele porque ele afirmava não estar vendo nada, enquanto que eles continuavam vendo as sombras no fundo da caverna.

Os habitantes da caverna chegaram a conclusão de que não valia a pena ir para o mundo exterior, já que isso lhes faria perder a visão e ficar perturbado.

* Mundo das Idéias ou Inteligível = Exterior da caverna.

* Mundo das Aparências ou Sensível = Interior da caverna, as sombras refletidas.

* Verdade Integral sobre o Bem = Luz do sol.

O mundo em que vivemos (o planeta terra) é uma copia (uma sobra) do mundo perfeito, que só o espírito poderá conhecer cada vez mais quando estiver no mundo das idéias (desencarnado e vivendo no mundo dos espíritos).

E à medida que formos reencarnando e progredindo intelectual e moralmente (necessariamente nessa ordem) toda vez que retornarmos ao mundo das idéias, conheceremos mais um pouco a verdade integral sobre o bem. Só não precisaremos encarnar novamente, quando tivermos conseguido conhecer e praticar completamente em uma encarnação neste planeta terra, a verdade integral sobre o bem.

Observação: A república é uma cidade governada para garantir a cada cidadão o que é justo e correto, onde ele possa ser educado para praticar a verdade integral sobre o bem.

11 de mai. de 2010

Hegel e suas 10 perguntas:

Hegel formulou essas 10 perguntas na sua primeira aula de filosofia. Mas, não as publicou. Elas foram reveladas por um aluno, anos depois de sua morte, junto com as respostas do próprio Hegel.

1) Qual o único motivo de sua existência?
- Evoluir NO e PARA o Espírito.

2) O que é mais importante (uma única coisa) na vida de todas e cada pessoa, incluindo você?
- Amar e ser amado.

3) O que é o amor?
- Dar-se ao outro, sem esperar garantias.

4) Quem é o amor?
- Deus.

5) Quais as tres únicas "manifestações" externalizáveis de amor?
- Amor a Deus.
- Amor fraterno por um ou mais familiares.
- Amor a quem você escolheu como amante para viver essa vida.

6) Qual a única forma de demonstrar o amor que você tem (ou, acha que tem) pelas pessoas?
- Estando SEMPRE presente (sem desculpas) no dia-a-dia de quem você ama.

7) O que (uma única coisa) te impede de demonstrar seu amor da maneira como você respondeu na pergunta anterior?
- Medo e/ou egoísmo.

8) Qual seu maior medo na vida?
- De não ter meu amor correspondido.

9) É possível ser feliz (ou, viver em paz consigo mesmo) nessa existência?
- Amando, apesar desse medo.

10) Você se considera preparado para viver filosoficamente?
- Não sei! Creio que estar preparado significa viver suas "crenças" realmente. Mas, só o outro pode nos afirmar se estamos agindo dessa forma.

Recebi esse material de uma amiga filósofa, chamada: Cristina.


10 de mai. de 2010

A escrita

(...) Há uma eternidade na escrita, em toda escrita, da qual a fala antes nos separaria. Não é a eternidade das estelas ou das tumbas. É a eternidade de viver, mas sem véus, mas preservada, como uma garrafa lançada no oceano do tempo, como um pedaço do presente no infinito do futuro. As cartas de amor durarão mais tempo, muito amiúde, do que o amor. Elas sobreviverão a ele. Estarão ainda aqui, se se quiser, quando o amor estiver morto: atestarão o que tiver acontecido, o que eternamente continuará verdadeiro, mas que talvez, sem a escrita, teríamos esquecido ou perdido. Toda fala é contemporânea de quem a escuta, e morre com ele. Nenhuma escrita o é de sua leitura, sendo por isso que não morre. Entre o tempo da escrita e o da leitura, há como que uma distância assumida e abolida. Toda fala é do instante; toda escrita, da duração.

Extraído do livro de André Comte-Sponville, Bom Dia, Angústia! Pág.39