17 de jun. de 2010

Filme: 12 Homens e uma sentença

Doze jurados se reúnem para decidir sobre a condenação, ou não, de um jovem. Alguns fatos apontavam para o que seria um homicídio premeditado. Onze dos doze jurados já estavam “certos” de que o réu era culpado, antes mesmo de se reunirem para debater a respeito e fazerem exposições sobre os seus respectivos veredictos. Neste momento surge o personagem interpretado por Henry Fonda - Davis,  pedindo que, ao menos, pudesse se conversar a respeito. Aí que a história se dês-enrola.

Henry Fonda e Sócrates:

Dialogar de modo a fazê-las tentar justificar os conhecimentos, as virtudes ou as habilidades que lhes eram atribuídos. Com esse objetivo inicial, levava o interlocutor a expressar opiniões referentes à sua própria especialidade, para em seguida interrogar a respeito do sentido das palavras empregadas. O resultado das questões habilmente formuladas por Sócrates – que alegava que “apenas sabia que nada sabia” – era, com freqüência, tornar patente a fragilidade das opiniões de seus interlocutores, a inconsistência de seus argumentos, a obscuridade de seus conceitos. Colocados à prova, muitos supostos talentos e muitas reputações de sapiência revelavam-se infundados e muitas idéias vigentes e consagradas pela tradição manifestavam seu caráter preconceituoso e sua condição de meros hábitos mentais ou simples construções verbais sem base racional. Evidenciava-se a ignorância da própria ignorância: situação que, não sendo ultrapassada, prenderia a alma num estéril engano e, o que era mais trágico, deixá-la-ia distante de si mesma, apartada de sua própria realidade. Para alguns – os que aceitavam submeter-se à fase construtiva da dialogação socrática -, aquele reconhecimento da ignorância do exato significado das palavras representava a oportunidade de um verdadeiro renascimento: o renascer na consciência de si mesmo, condição preliminar para a tomada de posse da própria alma. Para outros, porém, era o desmoronar do prestígio em plena praça pública. Ou então era o estabelecimento de questões e dúvidas ali onde havia séculos persistia a cega certeza dos preconceitos e das crendices: no âmbito dos valores morais e religiosos, que orientavam a conduta dos indivíduos mas também serviam de base às instituições políticas.

Sócrates. Editora Nova Cultura Ltda.,2004.

Cleiton Rezende.

Cenas:
Pré-conceituosas.



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A observação abaixo foi feita por um amigo, chamado, Aureo.

"Com exceção da abertura, uma cena de 3 minutos e final, não há fundo musical no filme. O silêncio às vezes tenso e o barulho da chuva já bastam para acompanhar os diálogos.
A única música que se ouve é quando um dos jurados assovia o tema de "O Gordo e o Magro" para debochar do andar que o personagem de Henry Fonda faz para verificar o tempo que o vizinho da vítima levava para chegar a porta e ver o assassino.
Mesmo sendo praticamente uma peça teatral filmada, não percebemos que a história se passa na maior parte do tempo em uma sala. A atenção às atitudes dos jurados é tão grande que dá para sentir o calor e a claustrofobia do ambiente".

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