25 de jun. de 2010

Fenomenologia

No século XIX o método experimental era considerado, pelas ciências empíricas, o único método válido e de rigor científico. Nele o sujeito congnoscente e o objeto conhecido eram vistos separadamente. Essa metodologia começou a ser também utilizada pela Psicologia ao considerar o indívíduo como um mero objeto, entre outros objetos, governado por leis naturais que determinam os fatos psicológicos. Contra essa visão se coloca Edmund Husserl (1859-1939) propondo a fenomenologia como uma negação da inseparabilidade entre sujeito e objeto. A fenomenologia surge como uma espécie de "rebelião" contra a tendência das ciências naturalistas de reduzir o conhecimento humano à esfera das ciências fatuais, que vêem o homem como um ente estranho e ausente de seus próprios achados. A fenomenologia aspira, dessa forma, a desenvolver a sua própria subjetividade; deseja revelar-lhe o real significado de ser humano. Ao pesquisar um objeto, ela não parcializa, não parte de pré-conceitos ou de referenciais teóricos. Antes, aborda-o diretamente, questionando e procurando captar a sua essência. Na pesquisa fenomenológica, o objeto não é a coisa-em-si-mesma e como esta se apresenta de modo concreto diante do sujeito cognoscente. Pelo contrário, a coisa-em-si-mesma é o modo como esse fenômeno ou objeto se manifesta à experiência do próprio sujeito.

Para Edmund Husserl, é a consciência do sujeito que o leva à apreensão da realidade, desde que sua consciência se mostre atenta para que o conhecimento de si mesma seja apreendido pelo sujeito cognoscente. Daí a sua afirmação: "A consciência é o que está sendo e não simplesmente consciência da coisa objetivada e que aparece como tendo duranção. Através dela nos cientificamos do que tem sido a continuidade pertinente a ela e suas diversas fases num determinado modo de apresentação, o qual se diferencia no tocante ao conteúdo e à apreensão". A consciência é capaz de refletir sobre si mesma e, desta forma, conhecer a sua própria estrutura, isto é, ser consciência de si própria. Essa relação dialética entre sujeito e objeto é que possibilita a compreensão da realidade, uma vez que é nesse contexto que ela revela o seu significado objetivo. Daí a afirmação de Ernani Maria Fiori: "Mundo e consciência não estão estaticamente opostos entre si, mas assim dialeticamente relacionados um ao outro em sua unidade original e radical. Por esta razão o conhecimento de um só pode ser alcançado através de outro; o conhecimento não é algo dado, mas sim conquista e faz-se a si mesmo. Ele é, ao mesmo tempo, descoberta e invenção".

OLIVEIRA, Admardo Serafim de. Et al. Introdução ao Pensamento Filosófico. 4.ed. São Paulo: Edições Loyola. 1990, p. 104,105.

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