9 de jul. de 2010

Versos Derramados

Não quero a sorte de um amor tranqüilo,
Não quero a calma de uma morte indolor;
Quero a angústia de uma paixão impossível,
Fogo que aquece a alma de quem ama;
Quero ter a morte como um castigo
Pra fazer da vida um privilégio.

Não quero ser poupado de todo o mal;
Quero sofrer para só então compreender
O verdadeiro sentido da alegria.
Não quero que chorem tristes lágrimas
Ao pesar da minha morte,
Mas que enxuguem as alegrias
No manto quente das boas memórias.

Não quero um poema para ser analisado;
Quero poesia para ser cantada e gritada
E que seja entendida não pelas palavras  que a carregam,
Mas pelo sentimento que lhe esvai.

Não quero um sol que me afugente o medo do frio;
Quero lua em noite fria de neblina
Que me faça a cada hora
Sonhar com a chegada do calor.

Não quero derramar lágrima
Pra, na dor, compreender, de todo, o poeta e sua vida;
Quero derramar versos
Pra, na poesia, compreender toda a vida e sua dor.


CECÍLIO, André Felipe Souza. Conversa com Versos. Belo Horizonte: pH², 2010. p.59.



//       Fale com o escritor: (31) 8716.8276       //
//       andre_souza91@hotmail.com       //

Um comentário:

paula disse...

cara, que blog massa!!! Adorei o poema do André, publique mais poemas dele!!!